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Como o afeto pode ser parceiro
das relações familiares.
Luiz Schettini Filho
(Psicólogo)
fonte: http://psicopedagogiaclinicaeinstitucional.blogspot.com.br
Pessoas boas fazem coisas boas. Pessoas que amam
fazem coisas amorosas. Não há como ser diferente. O que somos torna-se mas
importante do que fazemos, sobretudo no âmbito das relações interpessoais.
Quando falamos do relacionamento entre pais e filhos, estamos falando,
fundamentalmente, do ser, o fazer será uma conseqüência.
Isso explica a frustração que alguns
pais que se esmeram no fazer,mas esquecem de ser para seus filhos pessoas que
amam. Para os filhos o fazer, embora seja necessário, decresce de importância
diante da expressão do ser, até porque o nosso “fazer” só terá consistência de
for percebido como uma resultante natural do que somos.
Por essa razão, é preciso que os
filhos vejam em nós o que queremos ver neles. Sem essa constatação eles terão
uma dificuldade a mais para incorporar a seus comportamentos aquilo que lhes
ensinamos. Mais do que explicações, eles precisam de exemplificação. O que
dizemos a eles precisa estar revestido da autoridade de quem se comporta da
forma com sugere que façam.
A relação de afeto estabelece o ambiente no qual se processa
o desenvolvimento em todas suas frentes. E esse amor começa quando começamos a
mostrar a nossa alma para eles. É por isso, que a ligação entre dias pessoas
não se dá pela fusão, mas pela relação.
Na relação de amor com o filho, não
basta que ele tenha certeza e segurança de que o amamos. Mais do que isso, será
necessário manifestar o amor que temos por eles. Para o outro, amor que não se
manifesta, aparece como uma interrogação, que, geralmente, se consubstancia na
dúvida. E a dúvida que persiste, constrói o vazio.
Provavelmente, a grande falha dos pais
na construção de uma relação de afeto com os filhos reside na dificuldade de
expressar o amor que, sem dúvida, eles já têm. É doloroso termos a certeza de
que amamos sem que o objeto do nosso amor se disponha a aceitar nossa doação
afetiva por não encontrar evidências tranquilizadoras.
O amor que não se expressa na ação se
assemelha a um rio congelado: continua sendo rio, mas perde a sua função
principal. Amores “congelados” não têm como atuar dinamicamente na relação
parental.
O amor será parceiro das relações
entre pais e filhos quando cumprir três funções indispensáveis: primeiramente,
quando aceitar a imperfeição como o caminho do desenvolvimento. Em segundo
lugar, quando se expressar de uma forma paciente. Não com aquela paciência que
“tem limites”. Paciência que é paciência, é infinita. É verdade, que às vezes,
nos cansamos de ser pacientes. Aí só teremos uma saída: descansar e continuar a
nossa caminhada de paciência. Em terceiro lugar, o amor será parceiro quando
entendemos que precisamos a boa vontade de ouvir os filhos naquilo que eles têm
a dizer e não simplesmente no que pretendemos ouvir.
Nas relações interpessoais, se
quisermos fazer parte das soluções, teremos de aceitar fazer parte dos
problemas. No grupo familiar, os problemas de um são, na realidade, os
problemas de todos. A família é a conjunção da diversidade. E a família é a
verdadeira expressão do conjunto no qual seus membros não perdem a
individualidade. Nisso reside a sua força. Quando se tenta atingir a individualidade
através de uma pedagogia repressora, destruímos a sua condição de conjunto pela
perda da coesão.
Sem afeto as relações morrem por
desnutrição.
Toda
convivência exige daqueles que dela participam, uma expressão de afeto, que
nada mais será do que uma declaração de amor, por silenciosa que seja.
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