Fonte:
Trechos do Trabalho científico apresentado
à Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, como requisito parcial para a
obtenção do Título de graduada em Licenciatura Específica em Português. Retirado do site http://meuartigo.brasilescola.com
ELINE FERNANDES DE CASTRO
“O desenvolvimento de interesses
e hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que principia no lar,
aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora.”
econhecer a importância da
literatura infantil e incentivar a formação do hábito de leitura na idade em
que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é o que este artigo vem
propor. Neste sentido, a literatura infantil é um caminho que leva a criança a
desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e
significativa. O presente estudo inicia com um breve histórico da literatura
infantil, apresenta conceitos de linguagem e leitura, enfoca a importância de
ouvir histórias e do contato da criança desde cedo com o livro e finalmente
esboça algumas estratégias para desenvolver o hábito de ler.
A escola busca conhecer e
desenvolver na criança as competências da leitura e da escrita e como a
literatura infantil pode influenciar de maneira positiva neste processo. Assim,
Bakhtin (1992) expressa sobre a literatura infantil abordando que por ser um
instrumento motivador e desafiador, ela é capaz de transformar o indivíduo em
um sujeito ativo, responsável pela sua aprendizagem , que sabe compreender o
contexto em que vive e modificá-lo de acordo com a sua necessidade.
Existem dois fatores que
contribuem para que a criança desperte o gosto pela leitura: curiosidade e
exemplo. Neste sentido, o livro deveria ter a importância de uma televisão
dentro do lar. Os pais deveriam ler mais para os filhos e para si próprios. No
entanto, de acordo com a UNESCO (2005) somente 14% da população tem o hábito de
ler, portanto, pode-se afirmar que a sociedade brasileira não é leitora. Nesta
perspectiva, cabe a escola desenvolver na criança o hábito de ler por prazer,
não por obrigação.
É através de uma história que se
pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser,
outras regras, outra ética, outra ótica...É ficar sabendo história, filosofia,
direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome
disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p.17)
Ouvir histórias é um
acontecimento tão prazeroso que desperta o interesse das pessoas em todas as
idades. Se os adultos adoram ouvir uma boa história, um “bom causo”, a criança
é capaz de se interessar e gostar ainda mais por elas, já que sua capacidade de
imaginar é mais intensa.
A narrativa faz parte da vida da
criança desde quando bebê, através da voz amada, dos acalantos e das canções de
ninar, que mais tarde vão dando lugar às cantigas de roda, a narrativas curtas
sobre crianças, animais ou natureza. Aqui, crianças bem pequenas, já demonstram
seu interesse pelas histórias, batendo palmas, sorrindo, sentindo medo ou imitando
algum personagem. Neste sentido, é fundamental para a formação da criança que
ela ouça muitas histórias desde a mais tenra idade.

O primeiro contato da criança com
um texto é realizado oralmente, quando o pai, a mãe, os avós ou outra pessoa
conta-lhe os mais diversos tipos de histórias. A preferida, nesta fase, é a
história da sua vida. A criança adora ouvir como foi que ela nasceu, ou fatos
que aconteceram com ela ou com pessoas da sua família. À medida que cresce, já
é capaz de escolher a história que quer ouvir, ou a parte da história que mais
lhe agrada. É nesta fase, que as histórias vão tornando-se aos poucos mais
extensas, mais detalhadas.
A criança passa a interagir com
as histórias, acrescenta detalhes, personagens ou lembra de fatos que passaram
despercebidos pelo contador. Essas histórias reais são fundamentais para que a
criança estabeleça a sua identidade, compreender melhor as relações familiares.
Outro fato relevante é o vínculo afetivo que se estabelece entre o contador das
histórias e a criança. Contar e ouvir uma história aconchegado a quem se ama é
compartilhar uma experiência gostosa, na descoberta do mundo das histórias e
dos livros.
Algum tempo depois, as crianças
passam a se interessar por histórias inventadas e pelas histórias dos livros,
como: contos de fadas ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. Têm nesta
perspectiva, a possibilidade de envolver o real e o imaginário que de acordo
com Sandroni & Machado (1998, p.15) afirmam que “os livros aumentam muito o
prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança começa a
reconhecer e interpretar sua experiência da vida real”.
É importante contar histórias
mesmo para as crianças que já sabem ler, pois segundo Abramovich (1997, p.23)
“quando a criança sabe ler é diferente sua relação com as histórias, porém,
continua sentindo enorme prazer em ouvi-las”. Quando as crianças maiores ouvem
as histórias, aprimoram a sua capacidade de imaginação, já que ouvi-las pode
estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar, o recriar. Num mundo hoje
tão cheio de tecnologias, onde as informações estão tão prontas, a criança que
não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá no futuro, ser um
indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para compreender a
sua própria realidade.